01/02/2016 | 13h26 - Publicado por: Assessoria CRO-PI
Maus-tratos infantis: quando a Odontologia faz a diferença

A violência doméstica infantil está atingindo limites insuportáveis. Dados revelam que, anualmente, no Brasil 10 milhões de crianças e adolescentes sofrem maus-tratos, independentemente da classe social, da religião ou da escolaridade familiar. A criança tem direito garantido pela Constituição Brasileira à segurança na sociedade e na família.

A Odontologia brasileira, preocupada com essa questão, trata do tema, divulgando duas cartilhas, produzidas por universidades de renome no país, com informações e formas de ajuda às vítimas por meio do Cirurgião-Dentista (CDs). Ainda são muitos os casos de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Os CDs podem ser os primeiros profissionais a atender vítimas de maus-tratos, pois a maioria das agressões físicas acontece na face, na cabeça e no pescoço e, para isso, eles devem saber reconhecer os sinais de maus-tratos e identificar as for- mas de ajudar as vítimas, nessas situações. Para tanto, ele pode identificar, diagnosticar e notificar a agressão – “O CD tem um papel muito importante junto à equipe multidisciplinar quando ele percebe a agressão, pois esta violência pode se repetir e até levar a vítima à morte”, disse uma das autoras, a professora da Universidade Positivo, Estela Losso. De acordo com a profª Estela, a notificação, que é anônima, não significa uma “punição” à família, como muitos pensam, “mas um instrumento de garantia e proteção social às crianças e aos adolescentes, de modo a cessar a violência”, afirma a professora.

Para que possa ser diagnosticada a tempo de ajudar a vítima, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Positivo de Curitiba (UP) produziram publicações com informações sobre proteção e prevenção dessa violência, voltadas à Odontologia.

Maus-Tratos infantis, o papel dos cirurgiões-dentistas na proteção das crianças e adolescentes é a publicação da Universidade Positivo que traz a orientação do coordenador do mestrado profissional em Odontologia do curso de Odontologia, Dr. Flares Baratto Filho, e contém informações preciosas de como: identificar a negligência odontológica; suspeitar a violência física, sexual e psicológica; detectar possíveis características dos agressores. O diferencial da cartilha é que ela trata de todos esses fatores no ambiente odontológico.

O que o cirurgião-dentista deve fazer em caso de suspeita de maus-tratos: realizar uma boa anamnese: verificar se a história da lesão é coerente com o ferimento; descrever as lesões de acordo com: a região, o tamanho e o aspecto; realizar exame detalhado extra e intraoral;  boca: lacerações de freios labial e lingual, palato mole e duro, gengiva e língua; queimaduras; lábios: machucados no canto da boca, com hematomas, equimoses e cicatrizes; dentes: fraturados, avulsionados (dente deslocado de sua cavidade) e com alteração de cor; dentes com muitas necessidades curativas, que provocam dor ou estão em processo infeccioso; e abuso sexual: alteração de comportamento, lesões de DST, petéquias (pontos vermelhos causados por hemorragia de vasos) e eritema em palato mole e duro (sexo oral forçado).

Todas essas ações devem ser documentadas com fotos e radiografias, se possível. A Universidade Positivo também desenvolveu um aplicativo que já funciona no Google Play http://goo.gl/LdbzWk. A instalação é autoexplicativa.

ONDE DENUNCIAR:

Em suspeita de maus-tratos, o cirurgião-dentista tem a obrigação legal de notificar o caso ao Conselho Tutelar, sem necessidade de apresentar provas, com sigilo garantido, sendo sugerido não interferir pessoalmente na situação. A denúncia também pode ser feita pelo Disque Denúncia Nacional por meio do número 100; na Autoridade Policial e/ou no Ministério Público.

A faixa etária mais atingida pela violência doméstica é a de 0 a 4 anos de idade, fase em que a criança não fala.

Já a Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), por meio do Laboratório de Antropologia e Odontologia Forense (FOUSP), produziu a cartilha: Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes para o Cirurgião-Dentista, um instrumento de cidadania que busca informar, sob a ótica legal, sobre a origem, as consequências e a prevenção de maus-tratos.

A publicação, que tem a autoria do cirurgião-dentista, professor associado da FOUSP e coordenador do Laboratório Forense (OFlab), Rodolfo Melani, e mais duas CDs – Lara Maria Herrera e Raíssa Ananda Paim Strapasson –, busca orientar os cirurgiões-dentistas em relação ao diagnóstico, à documentação e à sua responsabilidade em comunicar às autoridades competentes os casos de suspeita de abuso.

Embora inúmeras sejam as formas pelas quais a violência e a negligência se expressam, o CD possui uma situação privilegiada para fundamentar a hipótese diagnóstica dos maus-tratos. A frequência de atendimentos durante o período de tratamento possibilita ao profissional capacitado o reconhecimento de comportamentos e lesões físicas decorrentes de agressões contra a criança. A notificação ao Conselho Tutelar visa interromper esse processo. Propomos com a Cartilha resgatar fundamentos atualizados que auxiliem na tomada de decisão, impedindo que esse problema de saúde pública avance no nosso país”, afirma Dr. Rodolfo Melani.

Mais especificamente voltada à área odontológica, outras formas de marcas também podem ser consideradas violência, como a ruptura de freios labiais mais comuns em quedas ou golpes indiretos, mas que, uma vez bem observados, podem ter relação com violência física (alimentação forçada, fraturas e desgastes dentários, extrusões – expulsão violenta, entre outras agressões).

A falta de cuidado e de tratamento pode interferir na qualidade de vida e no bem-estar do menor. As cáries podem estar associadas à negligência dental, com a falta de manutenção da higiene oral. A cartilha da USP traz vastas informações sobre recorrência, aspecto comportamentais, perfil do agressor, consequências e estratégias. Na área dedicada à contribuição do CD, a cartilha também traz informações preciosas à classe odontológica, pois nem sempre os profissionais da saúde recebem treinamento acerca da saúde bucal e dos traumas dentários. Aqui, entra a participação do CD que pode trabalhar em conjunto com o médico para melhorar a prevenção, a detecção e o tratamento dos casos, pois, além de atuar na região afetada pelos agressores (cabeça, pescoço e face), os CDs acompanham seus pacientes, a longo prazo.

Dessa forma, é mais fácil identificar as lesões, bem como saber se o histórico acidental é frequente e conhecer a interação da criança ou do adolescente com a família e/ou a entidade. Essa cartilha, que será publicada em breve, também apresenta passos de como diagnosticar e agir para ajudar a vítima: elaboração de documentação (com modelo de ficha para notificação e em que órgão) e um guia prático para o cirurgião-dentista com o objetivo de salientar as principais condutas a serem tomadas para auxiliar os CDs diante de suspeitas de maus-tratos infantis.

 

Fonte: CFO

VÍDEOS

Podcast CFO Esclarece: Direitos e Isenções Fiscais para o Cirurgião-Dentista

ANIVERSARIANTES DO DIA
ALINE GABRIELA DE SOUSA
ANA LINA FERREIRA DO NASCIMENTO
ANDRE LUIS RODRIGUES DA SILVA
CARLA LUIDIA MELO DE OLIVEIRA DOURADO
CRO NO INSTAGRAM
CRO NO TWITTER

Rua Desembargador Freitas, 1571 - Centro - Teresina/PI - CEP.: 64000-240

Contato: (86) 3222-8817 / 3226-1166

Email:  cropi@cropi.org.br

Conselho Regional de Odontologia do Piauí

Horário de Atendimento
Segunda à Sexta
08h00 às 17h30